Casas montadas como legos

By Macodesc | Inicial | Postado às 16:16
Isopor, PVC, madeira e aço levam rapidez, inovação e sustentabilidade à construção

 

Tijolo por tijolo. Essa ainda é a forma majoritária de construção no Brasil, essencialmente artesanal. Não por falta de opções. Sistemas construtivos industrializados largamente utilizados nos Estados Unidos e na Europa há décadas estão, sim, disponíveis no país. Alguns, que utilizam matérias-primas inusitadas como o isopor e o PVC, serão lançados na Feira Construir, que acontece de 14 a 17 de agosto, no Riocentro. Mas há ainda outras opções mais conhecidas como os painéis pré-fabricados de madeira e o uso de aço, tanto de contêineres, como o steelframe.

- Todos os métodos industrializados trazem uma enorme produtividade para o canteiro de obras. E ainda são mais sustentáveis pois, normalmente, sua produção gera muito menos resíduos que métodos artesanais como a alvenaria - explica Georgia Grace, consultora técnica da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a despeito de o PVC levar petróleo em sua composição.

Segundo Georgia, os blocos cerâmicos detêm 93% do mercado. Os de concreto ficam com 4%, e o drywall (sistemas de paredes internas feitas de gesso), 3%. Números que dão uma boa ideia de como o brasileiro, em geral, ainda vê tijolo como sinônimo de solidez.

- É uma questão cultural. As pessoas ainda acham que a casa não vai ser segura se não for de alvenaria - diz Georgia.

Acontece que tanto o EPS (ou isopor) como o PVC são usados apenas como formas que depois são preenchidas com concreto. E os dois métodos têm uma vantagem natural: conforto termoacústico.

- A sensação ao entrar numa casa erguida com EPS é a mesma de entrar numa igreja. Há sempre frescor no ambiente - garante Elias Camilo, da InConcreto, empresa que fabrica as formas de EPS no país.

Uso de pouca mão de obra gera polêmica

Outra vantagem desses métodos é a velocidade das obras. O trabalho de erguer as paredes numa casa de alvenaria que leve um mês passa a ser de uma semana no caso do uso do isopor. Esse formato substitui não só as paredes, mas também a fundação e a estrutura de casas ou prédios de até quatro andares. Para construções mais altas, a eficiência é menor, já que o método poderia ser usado só nas paredes, mas não na fundação e nas vigas.

O sistema usado pelos painéis de PVC segue a mesma lógica. Depois de encaixados, como se fossem peças de um Lego gigante, os perfis feitos com um PVC especial, mais resistente, recebem o concreto.
- Além de seis vezes mais rápido, o sistema também desperdiça menos material. Enquanto nos métodos convencionais, a perda chega a 30%, nesse não passa de 7% - diz Lucas Vicente, arquiteto da Sideran, que fabrica o PVC.

Outra novidade que será apresentada na feira é a bioedificação. Lançado pela italiana Ille Fabricatti, o sistema usa lâminas de madeira de reflorestamento que recebem tratamento especial contra cupim e umidade. A medida garante uma durabilidade maior que de outras casas pré-fabricadas de madeira. Já a brasileira Lafaete leva à feira módulos de aço que podem ser montados, recortados e usados de formas diversas para fabricar casas nos mais diversos modelos, já que os contêineres permitem sobreposição. Como a feita pela arquiteta Livia Ferraro em casa apresentada no Casa Cor Santa Catarina, de 2010.

Além da questão cultural, os métodos também geram polêmica pois necessitam de menos mão de obra que os convencionais. Em momento de gargalo na construção civil como o atual, pode até ser bom, mas para alguns são sinônimo de menos emprego.

CBIC aponta as dificuldades

Não é só pela questão cultural que esses métodos ainda não pegaram no Brasil. Levantamento feito pela CBIC mostra que são vários os entraves. Falta de integração entre a academia e o mercado, pouco conhecimento sobre os novos métodos construtivos e capacitação deficiente são alguns deles. A tributação para produtos industrializados também é problema: às vezes, os valores chegam a inviabilizar a aplicação desses métodos nas obras.

- É necessário investir em capacitação e rever as políticas públicas e tributárias - afirma Georgia Grace, da CBIC.

 

Fonte: O Globo Online, 3/8/2013

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